Palavras finais no Processo da Madre Virgínia 2021
PALAVRAS NA CLAUSURA DO PROCESSO DIOCESANO
DE MADRE VIRGÍNIA DA PAIXÃO
Igreja de Santo António (Funchal),
2 de Outubro de 2021
Terminamos hoje a fase diocesana do processo de canonização de Madre
Virgínia Brites da Paixão, aberto em 29 de Dezembro de 2006 pelo Senhor D.
Teodoro de Faria, e sempre continuado pelo zelo pastoral do Senhor D.
António Carrilho.
Trata-se, obviamente, de um marco histórico nesse processo, mas que não
inclui, como tive oportunidade de referir na homilia, qualquer juízo final acerca
da sua vivência das virtudes cristãs ou das graças recebidas por tantos fiéis
que a ela se dirigem. Tal juízo pertence apenas a Deus e à autoridade
suprema da Igreja. A nós cabe-nos, apenas, reunir todos os materiais e
testemunhos disponíveis, para que esse juízo possa ser definitivamente
formulado com a plenitude do conhecimento que a nós, seres humanos, nos é
permitido.
Se for essa a vontade de Deus, dentro de algum tempo (ainda que
razoavelmente longo), Madre Virgínia será inscrita na lista dos santos.
Contudo, isso não nos impede de fazer coro com tantos madeirenses que
nela continuam ainda hoje a ver um exemplo privilegiado de vida cristã. A
santidade não é apenas algo que tenha a ver com um baptizado e Deus. Tem
também (e como!) a ver com o testemunho da própria presença divina no seio
da história.
Que o mesmo é dizer: por entre o passar do mundo e por entre as fronteiras
dos lugares e das culturas, o santo mostra, com todo o seu viver - pensar,
agir, sentir, rezar, falar - a presença de Jesus ressuscitado, Senhor da
história, Deus feito homem, no meio de nós. E, com essa presença, convida
igualmente a deixarmo-nos envolver por Ele; a deixarmo-nos transformar,
converter pela gratuidade e imensidade do seu amor.
Os santos são a maior prova da existência de Deus, e de como também a
nossa própria existência pode ser divinizada. Deus pode, de facto,
transformar-nos. Deus pode, de facto, mudar o rumo da história e dos
acontecimentos. Deus pode, de verdade, conduzir toda a humanidade à vida
eterna e feliz a que chamamos Céu.
A Madre Virgínia da Paixão, na simplicidade e humildade da sua existência,
mas também na ousadia e na coragem de viver a sua consagração por entre a
sociedade do seu tempo - aquela mesma que tinha arrasado o seu convento
das Mercês e todos os outros que lhe foi possível - a Madre Virgínia foi esta
presença luminosa de Deus para o seu tempo e para os tempos que lhe
sobrevieram, para os cristãos desta nossa diocese e, assim o desejamos, para
toda a Igreja de Cristo espalhada pelo mundo.
Não sabemos qual o juízo final que o Santo Padre dará, depois de examinados
todos os volumes deste enorme processo. Estamos confiantes de que, com a
sua autoridade, irá declarar Madre Virgínia como parte daquela enorme
multidão dos santos que, no Céu, louvam a Deus e intercedem por nós.
Como bispo diocesano, não posso deixar de agradecer a todos quantos
trabalharam ou contribuíram, de uma ou outra forma, para a feliz conclusão
deste processo.
Destaco, entre eles, o Vice-Postulador Fr. Nélio Mendonça e todo o apoio (e
não foi pouco) da Província portuguesa dos Frades Menores (OFM).
Os membros do Tribunal diocesano:
Cón. Marcos Gonçalves (Presidente)
Cón. Carlos Nunes (Promotor de Justiça)
Cón. José Fiel de Sousa (Notário)
Cón. Tony Vítor de Sousa (Notário adjunto)
P. Carlos Ismael Almada (Copista)
Os Censores Teólogos:
Cón. Vítor Gomes,
Fr. Isidro Lamelas e
Fr. David Azevedo (já junto do Pai)
E os membros da Comissão Histórica:
D. António Montes Moreira
Dr. Duarte Miguel Mendonça
Drª Maria Paredes
Irmã Otília Fontoura (que já partiu para o Pai)
A todos nós, aqui presentes, cabe agora a tarefa de rezar para que o nome de
Deus seja glorificado no reconhecimento da santidade de vida desta sua
Serva, Madre Virgínia da Paixão, e para que esse momento se apresse pois
que tal reconhecimento contribui para a salvação das almas.