Diocese do Funchal

Brasão da Diocese do Funchal

APRESENTAÇÃO DO NOVO BRASÃO PARA A DIOCESE DO FUNCHAL

O novo brasão de armas da Diocese do Funchal apresenta um escudo com a ponta redonda, boleado.

Escudo terciado em mantel: o primeiro de Vermelho com um livro aberto de Ouro, sobre a página dextra um Alfa de Vermelho e sobre a página sinistra um Ómega do mesmo; representa o Padroeiro Principal da Diocese do Funchal, o Apóstolo São Tiago Menor. Escreveu uma das epístolas do Novo Testamento. Foi o primeiro Bispo de Jerusalém e morreu martirizado no ano 62. A cor vermelha é símbolo da vida feita dom e serviço, com coragem e fortaleza.

O segundo de Azul com uma estrela de 8 pontas de Prata, representa a Padroeira secundária da Diocese, Nossa Senhora do Monte. O fundo azul aponta para o cuidado maternal de Nossa Senhora, estrela que nos conduz a Jesus.

O terceiro de Ouro com a Cruz da Ordem de Cristo sobre ondas de prata e azul. Representa a centralidade de Cristo e a missão da Igreja de sair em missão a anunciar o Evangelho da Esperança. O dourado simboliza a grandeza da Fé. A Cruz da Ordem de Cristo sob o dourado é uma homenagem à mesma Ordem e à Região Autónoma da Madeira. Lembra, também, as naus portuguesas a rasgar as ondas na grande aventura da Evangelização. As ondas representam não apenas o nosso mar que abraça a terra das nossas ilhas, mas também os nossos emigrantes, espalhados pelos quatro cantos da terra e missão evangelizadora da Igreja.

Listel de branco, sotoposto ao escudo, em letras maiúsculas, de negro: «DIOCESE DO FUNCHAL

O brasão de armas é obra de Miguel Silva Reichinger Pinto Correia (pintocorreia.m@gmail.com) e a execução gráfica de reidarmas.com.


Nota histórica

No dia 2 de julho de 1419, dia da festa da Visitação, foi celebrada a primeira missa, pelos frades franciscanos, em Machico (Descobrimento da Ilha da Madeira e discurso da vida e feitos dos capitães da dita Ilha).

A Diocese do Funchal foi criada pela Bula Pro Excellenti de 12 de junho de 1514, do Papa Leão X, transferindo de Tomar toda a jurisdição espiritual para a Ilha da Madeira.

No período entre 1433 a 1514 as administrações civil e religiosa estavam a cargo do mestre da Ordem de Cristo. Todas as áreas atlânticas eram consideradas dependentes da Ordem de Cristo. A situação mudou em 1514 com a criação da Diocese do Funchal, a 12 de junho.

O bispo do Funchal tinha a jurisdição sobre toda a área ocupada pelos portugueses no Atlântico e no Índico. Deste modo, a Diocese compreendia, não somente as Ilhas deste Arquipélago, mas todos os territórios descobertos ou a descobrir pelos portugueses. Assim, a sua jurisdição estendia-se por todo o território africano ocidental e oriental, Brasil e Ásia. Por isso, o seu primeiro Bispo, D. Diogo Pinheiro usou o título de Primaz.

A 18 de outubro de 1517 foi celebrada a dedicação da Catedral. Em 1523 no coro da Sé, São Tiago Menor é proclamado protetor e defensor da cidade pelo capitão do Funchal, oficiais do concelho e cabido da Sé do Funchal.

O progresso económico e social levou à criação, em 1534, de novas dioceses, cujas áreas, foram desanexadas da Diocese do Funchal: Goa, Angra, Santiago e São Tomé, São Salvador da Bahía. Mais tarde, a 31 de janeiro de 1533, a Diocese do Funchal foi elevada à categoria de metropolitana e primaz. Em 1551 o papa revogou a situação passando o Funchal para simples bispado sufragâneo do Patriarcado de Lisboa.

O primeiro bispo a pisar o solo da diocese foi D. Ambrósio Brandão, em 1538, em nome do Bispo diocesano D. Martinho de Portugal. Depois da morte de D. Martinho de Portugal, o único arcebispo do Funchal, a sé permaneceu vaga até 1551.

E, em 1552, foi provido D. Frei Gaspar do Casal, que não residiu na ilha, sendo o facto mais saliente da sua ação o ter participado no Concílio de Trento. Os seus sucessores, D. Jorge de Lemos, D. Jerónimo Barreto e D. Luís Figueiredo de Lemos, aplicaram o Concílio e foram os verdadeiros obreiros desta reforma (Ver Dicionário de História Religiosa de Portugal).

Em 1558 chegou ao Funchal o primeiro Bispo nomeado a residir na Diocese, D. Jorge de Lemos.  Esteve na diocese até 1566.

Frei D. Jorge de Lemos
Frei D. Jorge de Lemos

Em 1578 reuniu na Sé o primeiro Sínodo Diocesano, sendo bispo D. Jerónimo Barreto.


Papa Leão X
Papa Leão X

A escolha do padroeiro: São Tiago Menor

S. Tiago Menor foi escolhido em circunstâncias decisivas para a vida da nossa Igreja diocesana e tornou-se um sinal de esperança numa história que foi, por vezes, marcada por acontecimentos dramáticos. O Funchal foi assolado no século XVI por vários períodos de peste. Em 1521, uma grave peste alastrou por toda a cidade. Embora se tivesse procurado isolar os doentes para controlar o surto da peste, todas as precauções pareciam ser vãs.

Gaspar Frutuoso, no seu livro: As saudades da terra, diz que, «no ano de 1521, quando o Rei D. Manuel faleceu, havia grande mortandade de peste [...] e porque havia anos que ela andava na cidade [o Cabido e o Senado da Câmara] resolveram escolher por sortes um Padroeiro» entre os Apóstolos. «Depois de se prostrarem diante de Deus em oração, tirou um menino chamado João, o primeiro bilhete, onde se achou escrito o nome de Santiago Menor, a quem logo festejaram com repiques por toda a cidade». Deus escutou tão dolorosas e veementes súplicas, porque, como refere S. Tiago, «a oração da fé salvará o doente e o Senhor o restabelecerá» (5,15).

Dois anos mais tarde, as autoridades civis e o Deão do Cabido reuniram-se novamente na Sé e confirmaram a escolha feita de S. Tiago Menor como seu padroeiro, com o compromisso de o festejarem todos os anos na sua capela com missa e procissão no primeiro dia de Maio.

Em 1538, a peste voltou a assolar a região. Todos, doentes e sãos, foram chamados a participar na procissão e missa do dia 1 de Maio em honra do senhor São Tiago, na capela a ele dedicada na nossa cidade: «Ali, o guarda-mor da saúde da Câmara, sabendo-se incapaz de debelar o mal, disse no meio da ermida em alta voz: 'Senhor, até aqui, guardei esta cidade como pude: não posso mais. Aqui tendes a vara; sede vós o guarda da saúde'». O guarda-mor foi imediatamente depor a sua vara no altar do santo e, segundo a tradição, todos os doentes melhoraram e a epidemia cessou. Em memória deste gesto, todos os vereadores da Câmara, depois da procissão em honra de S. Tiago, costumam depor as suas varas junto do padroeiro, ao lado do altar da capela, num gesto de gratidão e de prece.