Prémio Gulbenkian 2022

09-07-2022

Uma catedral não representa apenas a comunidade cristã de uma diocese. Representa, também, a cultura, a identidade de um povo. Elevada em 1514 à categoria de Catedral (quer dizer: onde se encontra a Cátedra do Bispo, de onde ele ensina a diocese e onde ele celebra solenemente os sacramentos), esta igreja constitui, significativamente, o coração da cidade e da Ilha.

Nunca foi uma realidade estática. Os trabalhos a que foi sujeita ao longo dos anos foram-na construindo como o testemunho de uma comunidade viva que aqui vem para rezar, para celebrar a fé, para tomar decisões importantes - como o caso do voto a S. Tiago ou dos sínodos diocesanos que aqui reuniram. Esta catedral tem sido, mais que qualquer outro lugar da Ilha, o testemunho da identidade viva do povo madeirense - identidade que permanece, cresce e se apresenta a quantos a visitam.

A catedral é, portanto, uma realidade viva, que acolhe vida: a vida de um povo mas, sobretudo, a vida de Jesus Cristo, cuja cruz ela torna presente. Prova disso, é que os trabalhos agora realizados não se limitaram a devolver o esplendor inicial do tecto mudéjar de há 500 anos. Hoje podemos contemplar o esplendor deste tecto como nunca antes tinha sido possível, graças à cuidadosa iluminação realizada.

Estamos gratos à Fundação Gulbenkian pelo reconhecimento da excelência destes trabalhos. Agradecemos a todos os que permitiram a sua realização. Mas queremos que esta igreja centenária continue a ser portadora e a expressão da nossa identidade madeirense: um encontro harmonioso entre fé e vida, trabalho e festa, Deus e o homem.

+ Nuno, Bispo do Funchal