Batizados no Espírito

04-05-2020


O livro chama-se "Actos dos Apóstolos" e foi escrito pelo mesmo autor do evangelho de S. Lucas. Narra os primeiros dias da Igreja de Jerusalém e, depois, acompanha particularmente o ministério de S. Paulo (a uma dada altura o escrito passa a usar a primeira pessoa do plural - nós - mostrando que Lucas acompanhou o Apóstolo, e foi testemunha presencial dos acontecimentos): o Espírito que agiu no seio da Virgem Maria na encarnação do Verbo é agora o mesmo que gera a Palavra no seio da Igreja.
Por isso, mais que narração dos feitos dos homens, ainda que santos, os Actos dos Apóstolos são, sobretudo, a narração dos feitos do Espírito Santo. Pelo meio da história dos homens, conduzindo-a, o Espírito de Deus é o grande tecelão. Actua misteriosamente, umas vezes sem darmos conta dele, outras agindo poderosamente, bem à nossa vista, derrubando barreiras, ultrapassando preconceitos humanos. É um verdadeiro mistério, não apenas a história da Igreja como a história de toda a humanidade, feita por homens e pelas suas virtudes e pecados, pelas suas qualidades e pelas suas incapacidades, mas conduzida por Deus.
Hoje, a I leitura mostra-nos as primeiras consequências (apenas as primeiras, porque outras se seguirão) do facto de Pedro ter visitado uma casa de gentios e os ter baptizado. E mostra-nos como Pedro se justifica: "Quando comecei a falar, o Espírito Santo desceu sobre eles como sobre nós ao princípio". E logo acrescenta um critério essencial do discernimento: "Lembrei-me então das palavras que o Senhor dizia: sereis baptizados no Espírito Santo" (Act 11,15-16). para logo depois reconhecer: "Se Deus lhes concedeu o mesmo dom que a nós, quem era eu para poder opor-me a Deus?".