Não foram capazes de ver sinais

27-04-2020

Jesus nunca se entusiasmou com as multidões. Não as afastou - pelo contrário, alimentou-as (literalmente: deu-lhes de comer). Compadeceu-se delas. Mas nunca trabalhou para elas. Nunca procurou que andassem atrás de si. Nunca as usou como demonstração de poder.
Esta mesma multidão (Jo 6), alimentada antes por Jesus com pães e peixes, procura agora o Senhor e os seus discípulos. Corre desesperadamente atrás deles. Nota a sua ausência e procura-os.
Mas Jesus não se entusiasma com toda esta gente. Pelo contrário: as palavras são duras e solenes, introduzidas com o célebre "Amen, Amen", tão próprio de Jesus (que as traduções portuguesas empobrecem com o "em verdade, em verdade vos digo"): é o modo que o Senhor usava para introduzir aquilo que queria que ficasse gravado no coração dos discípulos.
A multidão não foi capaz de ver os "sinais". No evangelho de S. João os milagres são ditos "sinais". Quer dizer: são "sinais" da Páscoa, acessíveis a todos, visíveis por todos. São sinais da passagem da morte à vida, e da vida eterna que é o próprio Jesus. A multidão quis apenas comer barato. Não percebeu que os pães multiplicados eram sinais de uma outra realidade, de um outro alimento. Ficou satisfeita com a comida que se perde. Mas há um outro alimento, o alimento da vida eterna que é o próprio Jesus e que só Ele pode dar.
E nós? Como vemos nós a Jesus e os sinais que Ele ainda hoje nos dá?