O Baptismo e a vida

22-04-2020


"Deus amou tanto o mundo, que lhe deu o seu Filho Unigénito" (Jo 3,16). O judaísmo diria: "Deus amou tanto o mundo, que lhe deu uma Lei"; o islão diria: "Deus amou tanto o mundo, que lhe deu o Profeta".
Cristo faz a diferença absoluta. Não é uma Lei a ser cumprida, não é um homem que fala em nome de Deus. É, como dirá Pilatos, "o Homem" (Jo 19,5). E, ao mesmo tempo, Deus. É Aquele "Filho único" que nos olha nos olhos, como fez com Pedro depois da traição (Lc 22,61), e que nos faz tomar consciência de quem somos, arrancando a raiz do pecado. É, por isso, Aquele em cujas mãos nos podemos entregar total e confiadamente, porque nos oferece, de graça, a vida eterna.
Não veio para condenar (há muito que o mundo teria deixado de existir!) mas para salvar. É o "amor em forma de gente", diria o nosso povo. Amor pleno, total, infinito.
Por isso mesmo, julga. Ou seja, faz a diferença. Como pode alguém imerso no mal não sentir que, diante de Jesus, deixando-se olhar por Ele, algo da sua vida, da sua história, não é arrancado, purificado, transformado - ou, para continuar na linguagem de S. João, como podem as trevas do pecado não sentir que, perante a luz, elas se desfazem e desaparecem?
"Que vens pedir à Igreja de Deus?" - pergunta o celebrante ao adulto que deseja ser baptizado e que responde: "A fé". "Para que te serve a fé?" - interroga, de novo, o celebrante. "Para alcançar a vida eterna", responde o candidato.