Os olhos impedidos

15-04-2020


Várias são as passagens do Novo Testamento em que nos aparecem os "olhos impedidos" de reconhecer Jesus. A mais conhecida delas é a que hoje a liturgia nos oferece: os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35). Mas conhecemos, igualmente, o caso de Maria Madalena que ontem meditávamos (Jo 20,14).
São discípulos a quem falta um modo de ver cristão. São discípulos verdadeiros, que querem seguir a Jesus, que se deixaram cativar pelos sinais que Ele dava: a palavra, os milagres, os gestos, a pessoa. Mas que continuaram com critérios que não são os do Ressuscitado.
Creio que todos, de um modo ou de outro, percebemos o que isso significa porque nós próprios o experimentámos (e experimentamos) em tantas ocasiões. Somos cristãos; somos discípulos; nem colocamos em causa que Jesus seja o Salvador. Mas os nossos olhos estão, tantas vezes, impedidos de O ver! E Ele ali, bem próximo de cada um, umas vezes a dizer: "Homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar!"; outras vezes ordenando: "não me detenhas" (Jo 20,17).
Dos olhos da carne aos olhos da fé: um convite que o Senhor nos faz em cada dia que passa. Pelos olhos da carne somos interpelados pelo mundo que nos rodeia, mas apenas com os olhos da fé podemos encontrar a resposta: não a nossa e (muito menos) aquela que o mundo desejava, mas a resposta que Deus a todos quer oferecer.