Questões de mundo novo

Questões de mundo novo
Para os ouvintes de Isaías, o que significava "criar novos céus e nova terra"
(Is 65,17)? Significava, certamente, o regresso do exílio; recriar tudo quanto
tinha sido perdido; retomar o culto do Templo; regressar à terra e ocupá-la
como quando o povo, terminado o tempo do deserto, nela tinha entrado pela
primeira vez.
Significava, afinal, que Deus tem a capacidade - só Ele tem,
verdadeiramente, essa capacidade! - de, sem colocar "o contador a zero",
refazer tudo como um efectivo início.
Claro que o regresso do exílio de Babilónia foi um "fazer novas todas as
coisas". Mas a nova criação, essa só aparece com a ressurreição de Jesus,
de que a cura do filho do funcionário real é "um sinal" efectivo (Jo 4,43-54).
Em Jesus surge uma nova criação: um Homem novo, um mundo novo, um
"cântico novo", como diz S. Agostinho.
E o que significa, para cada um de nós, "fazer novas todas as coisas"? Neste
concreto momento que estamos a viver, significa terminar a ameaça à nossa
saúde, significa podermos retomar a vida normal do nosso quotidiano:
escolas e fábricas a funcionar, turismo e restaurantes de novo abertos... mas
será isso "fazer novas todas as coisas"? Que mundo queremos fazer surgir
quando passar a pandemia?
Mas claro que essa não é a questão verdadeira. A grande questão é: "que
mundo quer Deus que o ajudemos a fazer novo quando passar a
pandemia?".