Livres ou escravos?

01-04-2020

Livres ou escravos?


Hoje temos, habitualmente, medo da verdade. Tanto que dizemos que cada um tem a sua. O que equivale a não haver nenhuma. E, assim, nos contentamos com o modo como cada um faz prevalecer o seu egoísmo: "porque é que a tua verdade é superior à minha?"
Aliás, tratamos a verdade como um objecto de quem cada um é dono: "a minha verdade", "a tua verdade", "a nossa verdade" (esta última, habitualmente, expressão do máximo denominador comum, daquilo em que todos estão de acordo - o que acaba por ser muito pouco!).
São pequenos mundos que giram à volta dos seus donos. E, deste modo, porque cada um se julga com o poder de decidir da própria verdade, pensamo-nos livres, absolutamente livres, criadores de pequenos mundos onde cada um impera.
Em Jesus nada disto existe. Ele depende absolutamente do Pai. E não quer nunca deixar de depender. Ele não é criador de nada nem de ninguém. O seu alimento é fazer a vontade do Pai. Sempre, em cada momento. Todo Ele é obediência. E, no entanto, todo Ele é liberdade.
No evangelho de hoje (Jo 8,31-42), Jesus convida-nos a olhar para as nossas obras, para o nosso pecado, e a perguntarmo-nos: sou livre ou escravo? De quem sou escravo? É que "todo aquele que comete pecado é escravo". Precisa do Filho que o liberte: "Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". A verdade não é uma coisa, ou uma ideia, ou um preceito. É Alguém!