Para salvar e congregar

04-04-2020

Para salvar e congregar
A estranha profecia de Caifás que S. João hoje nos apresenta (Jo 11,45-56) tem duas vertentes: por um lado, anuncia a morte de Jesus por todos; por outro, diz que essa morte é "pela nação", ou seja, "para congregar na unidade os filhos de Deus que andavam dispersos".
Um morre por todos. Mas aqui, na morte de Jesus na cruz, não existe nada de heróico. Jesus não morre e todos o aplaudem. A sua será sempre uma morte de criminoso: quantos terão passado pela cruz como passavam por tantas outras, de onde pendiam outros tantos criminosos, mais ou menos culpados, e sem aperceberem que estavam a viver o momento único da história do universo?
Mas esta morte na cruz dá origem a um novo povo. Não é um povo que tenha a sua unidade na geografia (está presente em todos os lugares, ultrapassando todas as fronteiras); não é um povo que tenha a sua razão de ser no sangue (é formado por gente que vem de todas as tribos, povos e nações); não é um povo que tenha a sua unidade na cultura (todas as culturas o podem acolher e ele está presente em todas); nem é sequer um povo que tenha apenas um modo de pensar. É um povo que nasceu e que nasce continuamente do lado aberto de Cristo na cruz. É um povo que encontra a sua razão de ser e a sua unidade em Cristo, e apenas nele.