Festa da Anunciação do Senhor

25-03-2020

O sinal de que Deus está connosco


Sempre me impressionou a figura de Acaz pela sua recusa em pedir um sinal (Is 7). Ele não é o ateu que "vive bem sem Deus", nem o "agnóstico" que não sabe. É o falso crente, que se desculpa com argumentos piedosos para não se ver confrontado com a vontade de Deus: "Não pedirei nenhum sinal, não porei o Senhor à prova".
E, mesmo assim, Deus persiste na sua vontade de dar um sinal. Para Acaz, foi o nascimento de um filho. Mas nós sabemos bem - S. Mateus é claro nisso (Mt 1,22-23) - que o grande sinal é o próprio nascimento de Jesus, "o Filho" de Deus (o sinal da Virgindade - também física, claro! - de Maria é importante para mostrar que se trata do Filho de Deus e não do filho de um homem).
Estamos rodeados de sinais que apontam para alguém. Estamos rodeados de sinais que apontam para um acontecimento que nos envolve a todos e a todo o universo (mesmo os não crentes, não ficarão nunca de fora).
Deus é um Deus connosco. Partilha a nossa condição e a nossa vida. Não nos abandona nunca. Jamais se irá retirar para uma qualquer morada etérea, indiferente à sorte da obra das suas mãos. Pelo contrário: "aqui o Verbo se fez carne", podemos ler em Nazaré, na Basílica da Anunciação. É algo bem concreto e histórico. E, desde então até hoje, sempre bem concreto e histórico.
Como abrimos os olhos para ver esse sinal? Como estamos disponíveis para "fazer a vontade do Pai"? Como somos sinais da presença de Deus para os outros? Ou continuamos como Acaz?