Pedro é sempre tão humano!

Meditação do Bispo do Funchal sobre as leituras da Missa do dia 17 março 2020

Hoje, ao rezar as leituras...
Pedro é sempre tão humano! Capaz do melhor e do pior. Hoje pede a Jesus regras claras (Mt 18,21-35). Pede acerca da quantidade do perdão: "sete vezes?". Pedro sabe que, para ele como para qualquer ser humano, sete vezes já é muito (como diz o provérbio português: "à primeira todos caem; à segunda cai quem quer; à terceira cai quem é parvo")...
Perdoar uma vez já é muito. Sete vezes é demasiado. Mas, mesmo assim, o discípulo voluntarista oferece-se para colocar a fasquia naquilo que acha já ultrapassar o impossível. Ainda não percebeu que, com Jesus, a questão não é nunca de quantidade. Nem sequer de qualidade. É questão de tudo (e, por isso, é também questão de sempre).
Só haveria de perceber durante a Paixão (Lc 22,61) quando, após ter traído três vezes o Senhor, Jesus fixou o olhar do discípulo e este se lembrou da sua condição humana (sempre) de pecador. E Pedro teve oportunidade de chorar: "agora, Senhor, tornámo-nos o mais pequeno de todos os povos e somos hoje humilhados em toda a terra, por causa dos nossos pecados. (...) Mas de coração arrependido e espírito humilhado sejamos por Vós recebidos como se viéssemos com um holocausto de touros e carneiros e milhares de gordos cordeiros. Seja hoje este nosso sacrifício agradável na vossa presença, porque jamais serão confundidos aqueles que em Vós esperam" (Dan 3,39-40).